quinta-feira, 31 de março de 2016

Um texto “antigo” que deve ser relembrado









À medida que novos estudos são feitos, torna-se cada vez mais comum relatos sobre os benefícios do exercício para a saúde. Nesse retomada do blog gostaria de brevemente comentar sobre um artigo de revisão, publicado em 1995 por Atko Viru e Tamara Smirnova, abordando a mesma temática, mas usando um argumento que considero extremamente importante para profissionais ligados ao exercício.
A argumentação geral passa pelo tema da alteração da homeostase por parte do exercício e como o organismo deve ativar mecanismos que evitam que esse tipo de estresse altere variáveis fisiológicas tais como temperatura corporal, pH, conteúdo de O2, pressão osmótica, conteúdo de íons e de água.  Por que exatamente essa variáveis? Porque são aquelas que influenciam a ação enzimática e portanto, se alteradas, impediriam o funcionamento do metabolismo com consequente morte do organismo. Nesse contexto, os mecanismos que tentam manter a homeostase ativam o uso de proteínas, das reservas de energia e de sistemas como o imune para contrabalancear o estresse induzido no organismo pelo exercício.
Eis que finalmente chegamos ao argumento que mencionei acima como sendo importante: os autores descrevem que será a “adaptabilidade” do organismo é quem vai garantir a saúde do indivíduo (ou seja, saúde não seria apenas a ausência de doenças, mas a capacidade de lidar com causadores de doenças e superá-los). A adaptabilidade por sua vez, depende da ação dos já mencionados mecanismos de manutenção da homeostase que (eis aí a pérola) não podem ser melhorados (fortalecidos) por nenhum tipo de remédio/droga. Além do mais, os nutrientes (propagandeados como capazes de aumentar a saúde) seriam capazes de reduzir ou evitar fatores negativos, mas não de aumentar a saúde!
Certo, se considerarmos que diversos mecanismos de manutenção da homeostase são controlados pelos sistemas nervoso, endócrino e imunológico somente o aumento da funcionalidade desses sistemas poderia por implicação aumentar a adaptabilidade do organismo e consequentemente melhorar a
 saúde. Traduzindo para o exercício, a ação desses sistemas permitiria suportar o estresse agudo e se adaptar gerando as conhecidas mudanças orgânicas (ex. melhoria na regulação do sistema nervoso central e em suas funções; melhorias nas capacidades do sistema endócrino e sensibilidade alterada a hormônios; maior potencial energético do organismo, aumento da capacidade do sistema de transporte de oxigênio; melhoria dos processos oxidativos; melhoria na economia metabólica e funcional; aumento do número de bombas sódio-potássio; melhoria da resposta imune; efeito anti-aterosclerótico do treinamento).

Para fecharmos nossa discussão podemos nos perguntar o quê pode aumentar a capacidade dos três sistemas orgânicos mencionados acima. A resposta: o exercício/atividade física. Assim, concluindo essa postagem gostaria de enfatizar a importância de ressaltarmos o fato de que APENAS o estresse do exercício/atividade física torna o organismo mais forte em relação aos desafios da homeostase que possa encontrar. Precisamos valorizar mais nossa ferramenta de trabalho: a prescrição de exercícios.